{[( )]}, 2016
Quando fiz esse livro pensei também no verbo livrar conjugado na primeira pessoa do singular: eu me livro. O livro fala daquilo de que se livrou e se perdeu um dia. São estojos deslocados no tempo e no espaço em quatro séculos, desbeiçados e
novos, planificados e impressos, em escala natural 1:1, mas que também evocam urnas, caixões-abismos, dados pelas superfícies significantes, acetinadas, aveludadas, suas reentrâncias e cavidades, pela ausência e pelo vazio "pornograficamente" declarados. Interessava-me o trânsito entre as esferas íntima e pública, e como tal movimento se mantém indefinidamente no caso dessa massa circular.
Queria que o meu primeiro livro fosse livre: livre à uma manipulação não hierarquizada por parte do leitor, não autoritária, sem paginação, sem sequência causal, destituído da ideia de desenvolvimento (foi duro conseguir o ISBN, fomos recusados quatro vezes, mas vencemos), desencadernado; que fosse lúdico e libidinalmente montado, desmontado e remontado em qualquer configuração por esse mesmo leitor ao seu modo e bel-prazer. Que o texto fosse têxtil – tecidos – com ênfase num apelo táctil, sensorial. Um livro livre.
Thiago Honório, dezembro de 2016.
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